Trama de Desvio alude às fronteiras literais e metafóricas
Obra do artista mexicano Héctor Zamora é uma parede vazada feita com tijolos e instalada na cobertura do MET, em Nova York
![trama-de-desvio-Hiroko Masuike – The New York Times-01](https://preprod.casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/sites/7/2020/10/trama-de-desvio-Hiroko-Masuike-The-New-York-Times-01.jpg?quality=80&strip=info&w=1024)
Após alguns meses fechados por causa do coronavírus, o MET NY reabre suas portas ao público com uma instalação intrigante no terraço. Em meio aos conflitos das eleições e recentes tensões sociais, o artista plástico mexicano Héctor Zamora assina “Lattice Detour”, uma parede às avessas que promove uma reflexão acerca das fronteiras, barreiras e muros.
![lattice-detour-wall-installation-hector-zamora-the-met-roof-garden-commission_dezeen_2364_col_6](https://preprod.casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/sites/7/2020/10/lattice-detour-wall-installation-hector-zamora-the-met-roof-garden-commission_dezeen_2364_col_6.jpg?quality=80&strip=info&w=1024)
A obra possui 33 m de comprimento e 3 m de altura. Ela é um paradoxo, dividindo a vista do Central Park, sem a isolar totalmente. A “Trama de Desvio” (tradução do próprio Zamora, que viveu no Brasil por dez anos), é feita de tijolos de terracota, porém, ao invés de acomodados da forma tradicional, eles foram empilhados na vertical, aproveitando a geometria da estrutura e formando um padrão vazado, como cobogós.
![lattice-detour-wall-installation-hector-zamora-the-met-roof-garden-commission_dezeen_2364_col_0](https://preprod.casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/sites/7/2020/10/lattice-detour-wall-installation-hector-zamora-the-met-roof-garden-commission_dezeen_2364_col_0.jpg?quality=80&strip=info&w=1024)
As raízes mexicanas do artista estão presentes em toda a escultura. Os tijolos foram comprados em Monterrey, no norte do México, e os pedreiros que construíram a parede eram latino-americanos, alguns mexicanos.
![Hiroko Masuike – The New York Times-04](https://preprod.casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/sites/7/2020/10/Hiroko-Masuike-The-New-York-Times-04.jpg?quality=80&strip=info&w=1024)
Considerando a relação entre os Estados Unidos e México, a ligação entre a obra e o muro proposto por Donald Trump em 2016 é inevitável. Entretanto, Zamora também tinha em mente outras barreiras, tanto as mais literais, como as impostas pela crise migratória, quanto as metafóricas, como o racismo, misoginia e preconceitos. Para ele, a ideia geral de exclusão se traduz em divisões de várias naturezas.
![Hiroko Masuike – The New York Times-03](https://preprod.casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/sites/7/2020/10/Hiroko-Masuike-The-New-York-Times-03.jpg?quality=80&strip=info&w=683)
O significado do recente período de isolamento social – que inclusive adiou a inauguração da Trama de Desvio – também surge entre os vazios dos tijolos. É fato que diferentes classes sociais sofreram com a pandemia de coronavírus de forma muito distinta. A divisão social teve um enorme peso entre quem era infectado e quem tinha acesso à tratamento. Zamora até menciona o governo de Bolsonaro como uma realidade lamentável, junto de Trump. A pergunta que resta é quem estenderá a mão pela parede, até o outro lado.